Lá vou eu escrever novamente sobre Conor McGregor, o cara mais hypado do momento noUFC. O polêmico ‘bobo da corte’ dos penas venceu Dennis Siver em Boston, e até agora traduziu em pancada tudo que prometeu com palavra.
Em breve, dará o passo mais importante da carreira: tentará destronar José Aldo, um dos campeões mais dominantes da história da organização. Mesmo com a luta abreviada no segundo assalto pelo nocaute técnico, o irlandês mostrou amadurecimento e grande senso de distância, itens fundamentais para garantir o braço levantado em pouco mais de sete minutos em ação.
Ao ponto
Todo lutador dinâmico de alto nível sabe bem como lidar com adversários sem tanta mobilidade e que apostam basicamente na força bruta para se impor tecnicamente.
Siver é corajoso e tem virtudes interessantes, mas suas habilidades são mais limitadas e o estilo ‘robozinho’ o coloca à mercê das armadilhas da previsibilidade, pontos explorados com sucesso pelo oponente.
Canhoto, o jogo de pernas do irlandês novamente foi diferencial para criar ‘gordura’ ofensiva contra um destro.
Com a postura de luta ‘carateca/esgrimista’ peculiar, ele encurralou gradativamente o alemão no octógono e aguardou os momentos em que este tentava sair do raio de ação circulando para a esquerda – manobra evasiva mais básica esperada de um destro neste caso -, para atacar pesado em linha reta, direto ao ponto.
McGregor confundia o ângulo de escape com chutes, ou marcava com jabs ou cruzados de direita, para em seguida disparar diretos de esquerda – o golpe de carga mais frequente -, com Siver ainda em pleno movimento e mais suscetível de ser atingido.
Após aplicar um ou dois golpes certeiros, McGregor recuava por um momento como medida de segurança, e imediatamente cortava a distância se projetando com um uppercut ou outro soco de direita, marca registrada dinâmica.
Acuado, Siver conseguiu alguns lampejos de reação até a metade do primeiro assalto.
Com envergadura menor, o alemão precisava do infight para fazer valer seu jogo de potência e disparar combinações pesadas, mas o irlandês o brecava sempre na média para a longa distância, evitando os momentos golpe a golpe mais severos.
Em pouco tempo, o alemão limitava-se a ficar com as costas contra as grades e o rosto coberto com as luvas, engolindo golpes e procurando aberturas para contragolpear com cruzados de esquerda seguidos de chutes, sem tanto sucesso.
Show e efetividade
Em poucos minutos, McGregor exibiu um conjunto extenso de golpes de efeito. Giratórios, chutes em todas as alturas, joelhadas com salto.
Sua postura com as pernas mais afastadas e flexionadas e seu caminhar solto facilita a aplicação de técnicas do tipo sem telegrafar demais cada movimento.
O irlandês usou e usou e abusou dos recursos, muitas vezes em momentos em que seria mais viável usar algum ataque mais simples.
Técnicas do tipo impressionam e têm de ser usadas com bom senso, pelo grau mais elevado de desgaste (e exposição) para serem executadas.
Seus chutes seguem estilosos, bem mais ao estilo caratê tradicional/taekowndo, com puxadas rápidas e ‘chicotadas’ com os pés, do que propriamente as pedradas do kickboxing/muay thai.
Mesmo nos golpes mais complicados, o irlandês volta não perde o equilíbrio e imediatamente retorna à posição de luta sem problemas, o que é mais comum entre os artistas marciais mais tradicionais.
Conclusão
Ao que tudo indica, Aldo x McGregor será mesmo um divisor de águas para as divisões mais leves do UFC. Guerra intensa de bastidores e um clássico ‘pegador x estilista’ inundarão a mente dos mais fanáticos.
Ainda é cedo para pensar em algum desenho mais apurado do desafio, mas dá para ter os primeiros flashes.
A postura aberta do irlandês pode ser um prato cheio para os low kicks demolidores do brasileiro, mas é preciso saber como Aldo vai lidar com os ângulos do canhoto McGregor para aplicar essas técnicas corretamente.
O queixo ainda alto demais do europeu também tem de ser levado em conta como alvo perfeito para o boxe na curta distância do manauara, que também mostrou algumas defasagens defensivas no último combate contra Chad Mendes, sobretudo nos uppercuts.
É, acho que vai pegar fogo. O que vocês acham?