Aldo e as (pequenas) agruras dos contratempos

Aldo: superação

Aldo: superação

De alguma maneira, a vitória por nocaute de José Aldo  sobre o Zumbi Coreano não foi exatamente o que as pessoas esperavam no UFC 163. Para os mais extremistas – ou ansiosos -, a atuação do campeão peso pena no Rio de Janeiro esteve distante de atestar a condição de fenomenal, geralmente associada às performances do manauara.

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Na vida de campeão, há momentos em que a porralouquice tem de dar lugar à cautela.

Desta vez, o monstrinho do imponderável forçou Aldo capitalizar a performance de forma mais segura e paciente. Foi preciso ignorar o oba-oba do público e lidar com um problemão logo de cara: o pé direito quebrado no primeiro chute baixo que desferiu e acertou em cheio o joelho do adversário.

Além de tolir uma das principais bases de ataque, a lesão também prejudicou a movimentação e o senso de confiança. A quinta defesa de cinturão ganhava suor frio e tons de dramaticidade com o passar dos minutos.

Com apelido emblemático e fama de ‘lutador cult’ que Dana White tanto gosta de promover, o Zumbi Coreano foi adversário honesto, mesmo um tanto distante de ser totalmente brilhante. Há 15 meses sem lutar por causa de grave lesão no ombro, suas habilidades se ampliaram com as limitações de Aldo.

Mas a capacidade de o brasileiro modificar a tática foi mais forte e o livrou de qualquer ‘Deus nos acuda’.  O plano B brotou em sua mente de forma instantânea e foi suficiente para mantê-lo dominante com receita baseada em contragolpes, jabs e quedas, ao melhor estilo ‘é o que temos’.

As expectativas sobre o manauara sempre são agigantadas. No bom sentido, os fãs estão mal acostumados (se é que você me entende) , e se ele não vencer bombasticamente sempre causará certa estranheza e narizes torcidos.

No quarto assalto, Zumbi e Aldo enroscaram os braços em uma troca mais franca de socos. O ombro do coreano saiu do lugar e a dor abriu caminho para o nocaute técnico. Foi o único lampejo em que o acaso pareceu ter ajudado o brasileiro. E no momento mais propício.

Fora do usual, Aldo conseguiu mais uma vez expressar grandeza de campeão. Mesmo em noite em que boa parte das coisas teimava em tentar o contrário.

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Aldo

Aldo

Com um pouco de otimismo, dá para cravar que a situação do Brasil no UFC ainda não requer alerta vermelho. Mas os últimos tempos também não andam tão promissores. O país, que até pouco tempo detinha quatro títulos, agora tem apenas dois. Um deles é interino.

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As últimas vezes em que os lutadores brasileiros viram cinturões escoarem pelos dedos acabaram acompanhados de teorias escusas, polêmicas e requintes passionais em níveis estratosféricos. Júnior Cigano foi surrado por Cain Velásquez por mais de 25 minutos nos pesados. Anderson Silva exagerou na dose de micagens e acabou nocauteado no segundo assalto por Chris Weidman, nos médios.

Primeiro e único campeão dos pesos penas na organização. José Aldo é o próximo sob os holofotes: ele defende pela quinta vez o mérito sábado (3), no Rio de Janeiro, contra o Zumbi Coreano, no UFC 163.

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Como dez entre dez casos no mundo dos esportes de combate, Aldo superou limitações, foi forjado à ferro, fogo, solidão e perseverança quase sórdida para alcançar o sucesso.

Hoje, é um campeão disciplinado, que sabe muito bem dissimular pressões com seriedade… e na base da pancada.

Sem rebarbas ou excessos, a popularidade de Aldo limita-se mais ao que interessa: as habilidades dentro do octógono. Por não falar inglês e muitas vezes ainda se mostrar pouco confortável com o assédio geral da mídia, não caiu de vez no gosto do público da mesma maneira que os campeões mais carismáticos.

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Mas nas circunstâncias mais imediatas, um campeão caseiro, com a cara do povo e que não cobiça o tempo todo ser o centro das atenções é o que o público brasileiro mais necessita. Após os sintomas e sequelas da soberba explícita demonstrada no UFC 162, a luta de Aldo contra o Zumbi Coreano teve a importância triplicada, em diversos sentidos.

A vitória se faz necessária para que o manauara reacenda o moral brasileiro e seja o estopim mais direto para a reabilitação massiva que pode vir até o fim do ano. Além de Renan Barão, que defende o cinturão interino dos galos contra Eddie Wineland, em setembro, Anderson fará revanche contra Weidman, em dezembro, e Cigano vai com tudo para o terceiro – e final – compromisso contra Velásquez, em outubro.

Um resultado bombástico dentro de casa um mês após o revés azedo de Anderson Silva certamente elevará o nome de José Aldo para um lugar mais que especial. E o Brasil voltará a ser Brasil no reino megalomaníaco do UFC. Pelo menos por ora.

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Aldo: quinta defesa

Aldo: quinta defesa

Único campeão peso pena da história do UFC, o brasileiro José Aldo Júnior quer manter a escrita de vitórias e o trono na organização na edição 163, sábado (3), no HSBC Arena, Rio de Janeiro. Ele encara Chan Sung Jung, o Zumbi Coreano, na atração principal da noite, quando defenderá o mérito pela quinta vez.

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Com card repleto de atletas nacionais, outro choque de estilos que promete render será entre Lyoto Machida e Phil Davis. O carateca baiano/paraense aposta pesado em mais uma vitória para finalmente ter nova chance de disputar o cinturão meio-pesado, em posse atual do Jon Jones. Confira abaixo análises e palpites dos principais desafios da programação.

José Aldo x Zumbi Coreano
O asiático não luta desde maio de 2012, quando teve atuação convincente contra o também prospecto Dustin Poirier, no UFC On Fuel 3. Na ocasião, venceu por finalização (triângulo de mão) após despejar cardápio variado de golpes. Logo depois, uma lesão no ombro o tirou de cena mais de 15 meses.

O Zumbi é um cara divertido de assistir, com joelhadas voadoras e finalizações inusitadas, como o twister, ou chave de coluna (veja no GIF abaixo). Mas agora, o buraco será mais embaixo. Lidar com a precisão e contundência do paredão de combinações de socos com chutes nas pernas de Aldo será plano-base para o desafiante, ainda mais por geralmente usar uppercuts e se expor demais nas trocas de golpes para fechar a distância e forçar clinches, o que pode não ser bom negócio frente ao timing de bloqueio/contragolpes sempre em dia do brasileiro.

A dominância de Aldo dentro do octógono tem sido gradativa durante as últimas lutas. Foi assim nos cinco assaltos contra Mark Hominick, Kenny Florian ou Frank Edgar. Mesmo com jogo executado de forma consciente e madura, o campeão tem mostrado ligeira queda de aproveitamento nas últimas parciais para administrar vantagens prévias, o que muitas vezes pode funciona como tiro no pé.

Jung provavelmente não quer ter a cara e as pernas demolidas pelos jabs, caneladas e outros golpes de efeito disparadas pelo brasileiro. Colocar em prática o jogo de finalização criativa e apostar justamente em uma estratégia mais longa deve ser a melhor saída, mesmo com alguns números contra: ninguém ainda foi capaz de acuar Aldo pra valer, ou o fez defender alguma tentativa de submissão no UFC.

PALPITE: Aldo vence por nocaute técnico.

Confira abaixo a encarada na pesagem oficial:

Lyoto Machida x Phil Davis
Não é novidade que no MMA o wrestling é a transição entre o striking e o solo e que a modalidade favorita dos lutadores do Tio Sam se torna extremamente perigosa quando mixada com algumas ‘malandragens’, como puxões, empurrões, abertura para golpear clinchado e outras artimanhas.

Davis é um cara da nova geração que domina muito bem estas minúcias e as alia com um padrão básico em pé que tira vantagens da envergadura avantajada. Os números mostram que o Mr. Wonderful recebeu apenas 53 golpes significativos nas sete vitórias pela organização, e detém a quarta melhor média defensiva: 74% de aproveitamento.

Machida: mais uma

Machida: mais uma

Machida é um atleta de essência tática e diferenciada, que adaptou as virtudes do caratê com maestria ao MMA. O compromisso da vez será outro teste de fogo para o Dragão provar que o dieta ‘golpe a golpe’ e o jogo de puxar na longa distância para contragolpear ainda surte efeito contra grandes neutralizadores.

A fila de wrestlers que o carateca já derrotou com marcas registradas do tipo ‘deslocar e golpear’e ‘joelhadas de encontro’  é grande, e tem boas chances de atuar favoravelmente aqui.

Ser mais contundente dentro do padrão elusivo será providencial para Machida alcançar outro resultado positivo. Mas o carateca também tem de ser ardiloso na medida certa. A diferença de alcance é intensa: 13cm a mais para o norte-americano.

PALPITE: É a grande sinuca de bico desta edição. Não me admira se Davis anular Machida durante 15 minutos e faturar a vitória. Mas doi crédito e aposto no Dragão, que levará a melhor nos pontos.

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Cézar Mutante x Thiago Marreta
Campeão dos médios do TUF Brasil 1, Mutante retorna ao octógono após sucessão de lesões. Discípulo direto de Vitor Belfort, o lutador mineiro não atua há mais de um ano. Agora, tem de correr atrás do tempo perdido e mostrar alto grau de resiliência.

Marreta participou da segunda edição do TUF Brasil, quando perdeu para o futuro campeão Leo Santos. Ele resolveu subir de meio-médio para médio, e entrou com tudo na vaga deixada por Clint Hester neste compromisso, mesmo com boas chances de ser uma escolha indigesta.

Canhoto, Mutante tem atleticismo de sobra e base sólida de golpes em pé, apimentada por chutes e movimentos típicos da capoeira, que configuram bom diferencial. Marreta também se mostra um striker convincente e que sabe usar bem a envergadura. Resta saber se terá condições de manter o combate em distância confortável e também esperar que o período de inatividade do oponente pese favoravelmente.

PALPITE: Mutante vence por nocaute.

Thales Leites x Tom Watson
Há quatro anos, Leites emendou cinco vitórias consecutivas no UFC, disputou – e perdeu por pontos – a disputa de título para Anderson. Agora, o lutador carioca retorna para a organização e se diz revigorado para novos voos entre os médios.

Watson tem apenas duas participações no Ultimate (uma vitória e uma derrota). Na teoria, dá para dizer que é melhor striker que o brasileiro, mas tem defesa de quedas longe de ser confiável. Ele vai se complicar se Leites levar ao solo e exercer as habilidades sempre afiadas no jiu-jitsu, o carro-chefe de seu estilo.

PALPITE: Leites vence por finalização.

John Lineker x José Maria Sem Chance
Grande prospecto brasileiro nos moscas, Lineker é porradeiro nato, que se manda ao ataque com fome, variando sequências de cruzados e uppers sem se importar com estigmas do tipo ‘trocação é loteria’. Incisivo ao extremo e com duas vitórias consecutivas frente a dois caras de nomes complicados (Yasuhiro Urushitani e Azamat Gashimov), o paranaense é grande prospecto brasileiro dos moscas.

Sem Chance estreia pela marca com cartel extenso (33 vitórias e três derrotas) e traz jogo bastante versátil. Pela tensão da estreia, provavelmente deve atuar de forma mais segura, apostando em clinches e controle de solo.

PALPITE: Lineker vence por nocaute.

PRELIMINARES

Vinny Magalhães vence Anthony Perosh

 Amanda Nunes vence Sheila Gaff

Neil Magny vence Serginho Moraes

Ian McCall vence Iliarde Santos

Rani Yahya vence Josh Clopton

Viscardi Andrade vence Bristol Marunde

Ednaldo Lula vence Francimar Bodão

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